Desconstruindo Deus

“Bruxas” queimadas vivas, povos e culturas exterminados, guerras sangrentas por pura disputa de poder político, imposição do medo, desrespeito e ignorância…

Lembro bem do primeiro professor de Filosofia que tive na faculdade e como ele dizia que os “cristãos” vacinaram o mundo contra o cristianismo durante a inquisição e as colonizações. Precisamos admitir que ele tinha razão e eu vou explicar porquê.

O “diário de bordo” da chegada dos colonizadores e “evangelistas” portugueses à América do Sul revela quão terríveis eram seus métodos e estratégias para anunciar a “salvação”.

Há vários documentos que enaltecem o sucesso da missão e da cristianização dos nativos descrevendo como o número de “convertidos” crescia quando se aplicava tortura e morte aos que recusavam converter-se.

Foi assim com índios, judeus e pagãos por toda a Terra.

Surpreso com a crueldade? Perceba que não estamos falando do Estado Islâmico e sim de cristãos. Tudo bem, da Idade Média, mas cristãos!

Ainda mais recente, mais perto do nosso tempo e realidade, temos o exemplo constrangedor de Mahatma Gandhi. Hindu e ao mesmo tempo um estudioso contumaz dos Evangelhos, declarou aos cristãos ingleses: “Gosto do seu Cristo, mas não gosto dos seus cristãos”, referindo-se ao massacre econômico e social que as forças britânicas (cristãs) exerciam contra a Índia (politeísta) colonizada.

 

Agora, deixe-me  dizer que nem sempre foi assim…

A palavra “cristão” foi usada pela primeira vez como um tipo de apelido para os seguidores de Cristo, dois séculos antes de surgir uma religião institucional chamada Cristianismo.

Essas pessoas eram chamadas assim porque suas atitudes eram parecidas com as atitudes de Jesus, o Cristo.

Um inimigo seu está passando fome? Dê-lhe comida!

Estão fazendo algum mal contra você? Retribua com bondade e misericórdia!

Alguém propôs tomar um reino político à força e com armas? Bobinhos! O Reino Eterno não é imposto à força ou com violência. Aliás, o Reino Eterno nem é deste mundo.

Uma prostituta está se dirigindo a Deus em oração? Acredite! Possivelmente a oração dela será ouvida mais facilmente do que a oração de alguém que se auto considere “santo” ou “purificado” demais apenas por frequentar os salões dos círculos religiosos.

Jesus ensinou e praticou, como ninguém, o amor, a compaixão e o perdão para com os seus piores inimigos.

Aliás, o amor de Deus em Jesus nos amou antes mesmo de qualquer um de nós ser merecedor deste amor. Ele nos amou, mesmo todos nós sendo pecadores.

Não é o fato de você não ser homossexual, pagão, católico, espírita, ateu ou gospel que faz com que você seja merecedor do amor de Deus. Ele  ama você, você crendo ou não. Sabendo o seu verdadeiro Nome ou não.

 

Ele traz o sol e a chuva sobre bons e maus!

Este amor aprendido e vivido de forma contagiante foi o que deu tal apelido aos seguidores de Cristo nos primeiros séculos.

Algo bem diferente do que se fez durante a idade das trevas e do que se vê hoje no Congresso Nacional e na TV, apresentando um “Deus” cheio de ódio, ameaçador, amaldiçoador e intransigente com os diferentes.

Este é o momento em que precisamos desconstruir “Deus” para que as pessoas creiam em Deus novamente!

João, o apóstolo, disse que Deus é amor. Se nós não conseguimos amar as pessoas que vemos (mesmo aquelas que achamos que não deveriam ser amadas), como poderemos amar o Deus a quem não vemos?

Então, quanto mesmo há de amor em você pelo seu inimigo ou por quem você considera “infiel” ou “desafeto”? Quanto há de amor em você pelos oprimidos, doentes, necessitados, injustiçados e por todos os pequeninos do Pai?

Sua resposta interior revelará o quanto há verdadeiramente de Deus em você, independente da doutrina religiosa que você segue ou pratica.

Deus é amor! Não é a junção correta e ordenada das letras que compõem Seu Nome.

Não é um conjunto de doutrinas morais.

Não é a forma como você grita ou silencia.

Não é uma polarização política.

Deus não é nem mesmo uma religião oficial.

O mundo precisa conhecer o Verdadeiro Deus e a Vida Eterna, mas isso só será possível quando o “Deus é ódio” der lugar ao “Deus é amor”, “Deus é acolhida”, “Deus é perdão”, “Deus é reconciliação” em nós.

 

O Deus que se apresentou simples demais em Jesus o abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

Bacharel em Teologia pelo UniBennett (Rio), Pablo Massolar é o editor e autor do Ovelha Magra. MBA em Gestão de Marketing, autor de livros e palestrante. Casado com Elaine, a menina mais linda do mundo, e o orgulhoso pai de Ana Clara e Sarah.